Em 2 de novembro de 2000, atracava na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) a nave Soyuz com os cosmonautas russos Yuri Gidzenko e Serguei Krikalev e o astronauta americano William Shepherd. Começava a história tripulada da estação, que desde então não passou nenhum momento sem astronautas a bordo. Contudo, após 10 anos de ocupação ininterrupta, as agências que administram o complexo afirmam que ele tem, pelo menos, mais 10 anos de vida.
"Uma nova era para a utilização da Estação Espacial Internacional está para começar", diz Simonetta Di Pippo, diretora de voos espaciais tripulados da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês). Segundo a instituição, com a ISS, os cientistas conseguem novas ideias para sistemas, subsistemas e componentes de espaçonaves e novas tecnologias. A estação ainda permite observar o resultado à saúde dos astronautas da longas permanências no espaço - onde eles sofrem com radiação, microgravidade (que afeta ossos e músculos) e a isolação prolongada.
Até mesmo as falhas, manutenções e reparos ajudam o desenvolvimento da exploração espacial. O desenvolvimento de equipamentos e de telecomunicações aumenta a independência dos astronautas com relação do suporte na Terra.
Para Mike Suffredini, diretor desde 2005 do programa que administra a estação, a ISS servirá como teste da capacidade de resistência humana, da confiabilidade dos equipamentos e processos essenciais para a exploração espacial.
"Com mais 10 anos de operação de uma ISS madura, nós devemos esperar e perceber os retornos para a ciência, para os quais a estação foi construída. Devemos respostas ao mundo sobre questões de ciência básica e medicina, e a ISS pode entregá-las abundantemente se for utilizada com cuidado ", diz o engenheiro de voo Mike Barratt, que participou de duas missões na estação.
O que é a ISS.
Em 31 de outubro de 2000, um foguete partia do cosmódromo Baikonur, no Cazaquistão - a mesma base de lançamento de foguetes de onde partiu Yuri Gagarin, o primeiro homem a ir ao espaço - com três tripulantes a bordo. Eram os primeiros ocupantes a viver na Estação Espacial Internacional: o americano Bill Shepherd e os russos Yuri Gidzenko e Sergei Krikalev. Desde que a espaçonave Soyuz atracou na ISS e abriu sua escotilha, a estação está há 10 anos habitada, 24 horas por dia, sete dias por semana.
A Nasa - a agência espacial americana -, uma das instituições que fazem parte do programa que administra a ISS, acredita que a história da estação está longe de acabar. Segundo Mike Suffredini, diretor do programa de administração da estação desde 2005, em 2020 ela deverá servir a muitos propósitos, como, por exemplo, base para longas explorações no espaço, sendo necessária para testar a "capacidade de resistência humana, confiabilidade dos equipamentos e processos essenciais para a exploração espacial".
Outro objetivo da estação são as pesquisas em microgravidade. Foram mais de 600 experimentos em 10 anos de ocupação. Segundo a Nasa, esses estudos ajudam a desenvolver novas tecnologias de comunicação, medicina e materiais industriais, entre outras.
A primeira equipe a ocupar a ISS, por exemplo, participou de um estudo sobre como os rins humanos se comportavam em gravidade próxima à zero. "A construção, montagem e as operações poderiam até mesmo serem consideradas milagrosas, se você não considerar os enormes esforços de nossas equipes para fazer parecer fácil", diz Peggy Whitson, a primeira mulher comandante a entrar na estação, na 16ª equipe a ocupá-la.A estação foi construída com os esforços das agências espaciais japonesa (Jaxa), canadense (CSA), americana (Nasa), russa (Roscosmos) e 11 membros da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês): Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Holanda, Noruega, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido. Segundo a Nasa, mais de 100 mil pessoas - incluindo os funcionários de órgãos governamentais e empresas contratadas - estão envolvidas atualmente no projeto.
"A parceria que construiu a estação vai servir para a criação da colaboração tecnológica internacional necessária para promover o avanço do homem no espaço", diz Suffredini. "A capacidade da estação e seu tamanho são realmente incríveis. A tremenda conquista tecnológica em órbita é conseguida apenas pela cooperação e perseverança dos parceiros no solo. Nós ultrapassamos diferenças de língua, geografia e filosofias de engenharia para conseguir", diz o diretor.
"Com mais 10 anos de operação de uma ISS madura, nós devemos esperar e perceber os retornos para ciência, para os quais a estação foi construída. Devemos respostas ao mundo sobre questões de ciência básica e medicina, e a ISS pode entregá-las abundantemente se for utilizada com cuidado", diz o engenheiro de voo Mike Barratt, que participou de duas missões na estação.
A ISS e o Brasil.
O que era para ser a marca definitiva do Brasil na história da exploração espacial, acabou se tornando uma frustração. A possível participação do País na ISS foi marcada por altos e baixos até, em 2007, o país sair definitivamente do projeto.
Apesar de oficialmente constar entre os países colaboradores, o Brasil acabou saindo do projeto - devido a uma série de atrasos nos equipamentos pedidos da Nasa - sem fornecer nem um parafuso à Estação. Eram previstos US$ 120 milhões em investimentos. Até mesmo a Agência Espacial Brasileira (AEB) admite hoje que o País não colaborou em nada na construção da ISS.
Contudo, antes disso, o Brasil conseguiu mandar seu primeiro - e único - astronauta à estação. Marcos Pontes viajou em 2006 - no centenário do voo do 14-Bis, de Santos Dumont - para conduzir oito experimentos. Comemorada por um lado, e criticada por outro, a viagem de Pontes custou ao governo US$ 10 milhões, e o principal resultado foi comprovar que feijões podem germinar no espaço.
Natural de Bauru (SP), o brasileiro tinha 43 anos e ficou marcado pela frase "a Terra não é azul, e sim colorida" - uma brincadeira com Yuri Gagarin. Formado em Engenharia Aeronáutica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), foi selecionado em 1998 pela Agência Espacial Brasileira (AEB) para participar de um treinamento para astronautas da Nasa - a agência espacial americana. Em 2000, quando acabou o treinamento, passou a ser considerado astronauta e a fazer parte da equipe da Nasa. No ano seguinte, a esperada viagem ao espaço foi abortada e só foi retomada em 2006.
No dia 29 de março, às 23h29 (horário de Brasília), Pontes decolou da plataforma de Baikonur, no Cazaquistão, rumo à ISS. Na estação, executou oito experimentos, como o teste de um sistema de refrigeração no espaço, a observação de como a clorofila atua em microgravidade e a germinação de feijões.
Esta última experiência - que consistia em plantar feijões na ISS ao mesmo tempo em que outros eram plantados em uma escola em São José dos Campos (SP) - foi considerada um sucesso (os feijões germinaram no espaço).
Segundo a AEB, apesar de Pontes dividir o trabalho entre Houston, nos Estados Unidos (onde mora), e Brasil, ele continua à disposição do Programa Espacial Brasileiro como astronauta, caso ocorram novas missões do País no espaço.
fonte: redação terra
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