Os cientistas envolvidos na caçada à misteriosa partícula subatômica
chamada "bóson de Higgs" -- apelidada de "partícula de Deus" devem
anunciar na próxima semana resultados que podem confirmar, confundir ou
complicar a compreensão sobre a natureza fundamental do universo.
Nunca algo tão pequeno e efêmero atraiu tanto interesse. A partícula,
descrita apenas teoricamente, explicaria como as estrelas e planetas se
formaram depois do Big Bang, a explosão primordial que criou o universo.
Sua existência, porém, nunca foi comprovada.
Especialistas do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern),
localizado nos arredores de Genebra, na Suíça, vão apresentar na próxima
quarta-feira (4) suas novas descobertas, após relatar "tentadores
vislumbres" em dezembro.
Blogueiros científicos e até alguns entre os milhares de físicos
envolvidos no projeto especulam que o Cern irá finalmente anunciar a
prova definitivamente do bóson de Higgs. "Ainda é prematuro dizer algo
tão definitivo", disse James Gillies, porta-voz da instituição,
acrescentando que as duas equipes envolvidas ainda estão analisando os
dados e que qualquer conclusão só será possível após confrontar os dois
relatórios.
Colisão de melancias
A experiência acontece no Grande Colisor de Hádrons, maior e mais
poderoso acelerador de partículas do mundo -- um tubo circular de 27 km
de perímetro, enterrado cem metros abaixo do solo, sob a fronteira entre
a França e a Suíça.
Dois feixes de energia são disparados em direções opostas, e seu
encontro gera milhões de colisões de partículas por segundo, recriando
efemeramente as condições ocorridas uma fração de segundo depois do Big
Bang.
A enorme quantidade de dados resultante é examinada por um exército de
computadores. Mas é um processo complicado. Entre bilhões de colisões,
pouquíssimas são adequadas para revelar o bóson de Higgs. "É como atirar
melancias umas contra as outras, tentando obter a colisão perfeita para
duas das sementes no interior", diz Jordan Nash, membro de uma das
equipes envolvidas no trabalho.
Num mundo em crise financeira, muitos questionam a utilidade de uma
experiência como essa, num equipamento que custou cerca de 3 bilhões de
euros. Nash disse que a pesquisa é muito vanguardista e incipiente para
resultar em descobertas práticas, e que no atual estágio o que lhe move é
a sede de conhecimento -- algo que o cientista acha que o público é
capaz de compreender. "Quando converso com taxistas ou mestres de obras,
eles nunca me perguntam isso."
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Fonte: Globo.com
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