Os resultados da moderna pesquisa científica e tecnológica são incorporados tão rapidamente à nossa vida cotidiana, e em tal quantidade, que se tornaram rotina nos tempos atuais. Parece que hoje, na era das transmissões intercontinentais de TV com o uso de satélites e dos fornos micro-ondas de uso doméstico, nada mais é capaz de nos surpreender, e qualquer inovação já é aceita com naturalidade.
Para perceber melhor o quanto foi transformado o mundo nas últimas décadas, pela produção científico-tecnológica, vamos fazer um pequeno exercício de ficção, imaginando o seguinte relato:
‘’Entre as vítimas de um bombardeio em Londres, durante a última guerra mundial, foi encontrado o corpo de um homem de feições orientais, aparentando cerca de cinquenta anos de idade. Entre seus pertences havia uma mala com objetos que provocaram tanta estranheza que as autoridades militares foram convocadas para investigação.
Os militares ficaram igualmente perplexos com o que viram, e convocaram cientistas de vários países para analisar os achados. O relógio de pulso da pessoa encontrada operava com precisão inigualável, a partir das vibrações de um minúsculo cristal de quartzo, acoplado a um complexo circuito eletrônico menor que um grão de trigo, constituído de um monocristal de silício que, ao microscópio, deixava entrever inúmeros microcomponentes. Em sua pasta de documentos foi encontrado um cartão de resina transparente, do formato de uma carta de baralho, com números e símbolos matemáticos impressos. Bastava expor o cartão à luz, que ele se energizava e podia realizar inúmeras operações matemáticas, cujos resultados ‘’surgiam’’ num visor translúcido. Podia também memorizar centenas de números e palavras. Submetido ao raio X, o cartão, que era totalmente lacrado, mostrava ter um pequeno circuito, com poucos milímetros de diâmetro e semelhante ao que já fora encontrado no relógio de pulso.
A suspeita de que se tratasse de um espião inimigo foi definitivamente descartada quando seu corpo foi examinado. Em ambos os olhos o líquido do cristalino havia sido substituído por uma pequena lente implantada em seu globo ocular. Ainda mais surpreendente foi a descoberta, devida à radiografia, de que havia um aparelho em pleno funcionamento dentro de seu tórax. Esse aparelho produzia pulsos elétricos com a frequência de batidas cardíacas e era energizado por uma minúscula usina nuclear carregada de plutônio, um isótopo radioativo artificial. Enquanto viveu, aquele indivíduo deve ter tido seu coração estimulado pelo tal aparelho. Os cientistas que o examinaram concluíram que não poderia ser um espião japonês, como se havia suposto inicialmente, pois a tecnologia de que dispunha era impensável para os padrões terrestres. Em relatório secreto, afirmaram unanimemente trata-se de um ser extraterrestre, de uma civilização extremamente avançada em relação à nossa. ’’
Pois bem, o ‘’extraterrestre’’ desta ficção poderia ser um cidadão dos dias de hoje, que teve que operar seus olhos devido a uma catarata crônica e dotado de um marcapasso cardíaco, implantado numa operação de rotina, que não o reteve por mais que dois dias no hospital. Quanto à sua calculadora solar e seu relógio de pulso, estão à venda em qualquer bazar e não custam mais do que uma boa refeição num restaurante conceituado... Na história que inventamos, só voltamos quarenta anos antes; pense como seria se tal história não fosse ambientada na Segunda Guerra Mundial, mas sim na Primeira, quando os seus avós estavam nascendo. Em três gerações apenas, o salto tecnológico realizado alterou profundamente alguns aspectos da vida sobre a Terra, e a Física tem muito a ver com isto.
Para perceber melhor o quanto foi transformado o mundo nas últimas décadas, pela produção científico-tecnológica, vamos fazer um pequeno exercício de ficção, imaginando o seguinte relato:
‘’Entre as vítimas de um bombardeio em Londres, durante a última guerra mundial, foi encontrado o corpo de um homem de feições orientais, aparentando cerca de cinquenta anos de idade. Entre seus pertences havia uma mala com objetos que provocaram tanta estranheza que as autoridades militares foram convocadas para investigação.
Os militares ficaram igualmente perplexos com o que viram, e convocaram cientistas de vários países para analisar os achados. O relógio de pulso da pessoa encontrada operava com precisão inigualável, a partir das vibrações de um minúsculo cristal de quartzo, acoplado a um complexo circuito eletrônico menor que um grão de trigo, constituído de um monocristal de silício que, ao microscópio, deixava entrever inúmeros microcomponentes. Em sua pasta de documentos foi encontrado um cartão de resina transparente, do formato de uma carta de baralho, com números e símbolos matemáticos impressos. Bastava expor o cartão à luz, que ele se energizava e podia realizar inúmeras operações matemáticas, cujos resultados ‘’surgiam’’ num visor translúcido. Podia também memorizar centenas de números e palavras. Submetido ao raio X, o cartão, que era totalmente lacrado, mostrava ter um pequeno circuito, com poucos milímetros de diâmetro e semelhante ao que já fora encontrado no relógio de pulso.
A suspeita de que se tratasse de um espião inimigo foi definitivamente descartada quando seu corpo foi examinado. Em ambos os olhos o líquido do cristalino havia sido substituído por uma pequena lente implantada em seu globo ocular. Ainda mais surpreendente foi a descoberta, devida à radiografia, de que havia um aparelho em pleno funcionamento dentro de seu tórax. Esse aparelho produzia pulsos elétricos com a frequência de batidas cardíacas e era energizado por uma minúscula usina nuclear carregada de plutônio, um isótopo radioativo artificial. Enquanto viveu, aquele indivíduo deve ter tido seu coração estimulado pelo tal aparelho. Os cientistas que o examinaram concluíram que não poderia ser um espião japonês, como se havia suposto inicialmente, pois a tecnologia de que dispunha era impensável para os padrões terrestres. Em relatório secreto, afirmaram unanimemente trata-se de um ser extraterrestre, de uma civilização extremamente avançada em relação à nossa. ’’
Pois bem, o ‘’extraterrestre’’ desta ficção poderia ser um cidadão dos dias de hoje, que teve que operar seus olhos devido a uma catarata crônica e dotado de um marcapasso cardíaco, implantado numa operação de rotina, que não o reteve por mais que dois dias no hospital. Quanto à sua calculadora solar e seu relógio de pulso, estão à venda em qualquer bazar e não custam mais do que uma boa refeição num restaurante conceituado... Na história que inventamos, só voltamos quarenta anos antes; pense como seria se tal história não fosse ambientada na Segunda Guerra Mundial, mas sim na Primeira, quando os seus avós estavam nascendo. Em três gerações apenas, o salto tecnológico realizado alterou profundamente alguns aspectos da vida sobre a Terra, e a Física tem muito a ver com isto.
FONTE:
Texto enviado pela professora Amanda Vívian. Extraído do livro: ‘’Vale a pena ser Físico?’’, trecho do capítulo 2: A presença da Física na vida moderna. Luiz Carlos de Menezes, 1988
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